Segundo dados
recentes do Sebrae, o Brasil abriga atualmente 74,2 mil MEIs de diversas
nacionalidades, sendo que 4% atuam no setor de alimentação fora do lar
O Brasil tem testemunhado um crescimento significativo no
número de imigrantes trabalhando com carteira assinada, que aumentou 35,9% nos
primeiros meses de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Esse aumento
ressalta a importância da mão de obra imigrante, especialmente no setor de
bares e restaurantes, que enfrenta crescente demanda por profissionais
qualificados.
Nos primeiros oito meses de 2024, foram registradas 16.802
admissões de imigrantes, com uma divisão quase equilibrada entre homens (7.253)
e mulheres (7.682). Esse crescimento representa uma oportunidade única para o
setor, que busca enfrentar a escassez de mão de obra. Carlos Silva,
proprietário de um restaurante em São Paulo, afirma: “A diversidade cultural
dos imigrantes se traduz em novas opções para nossos clientes, o que é um
diferencial importante.”
A inclusão de imigrantes no mercado formal de trabalho é
evidente à medida que mais proprietários de bares e restaurantes reconhecem os
benefícios dessa diversidade. Segundo dados do Sebrae, o Brasil abriga
atualmente 74,2 mil Microempreendedores Individuais (MEI) de diversas
nacionalidades, sendo que 4% atuam no setor de alimentação fora do lar.
Refugiados das guerras do Oriente Médio, por exemplo,
encontraram no Brasil a chance de recomeçar por meio da gastronomia. A família
de Myria Tokmaji fugiu de Alepo, na Síria, e chegou ao Brasil em 2013. “Logo
percebemos que estávamos enfrentando novos desafios: a integração ao mercado de
trabalho, a aprendizagem do idioma e a construção de novas amizades”, relembra
Myria.
Após um período de luta, sua mãe começou a vender esfirras,
dando início ao pequeno negócio, o Yasmin Comida Árabe. “A gastronomia
desempenhou um papel crucial em nossa jornada de adaptação e recomeço”, afirma
Myria. O empreendimento se consolidou oferecendo pratos como esfirras, bolinhos
de falafel e kibe, e, assim, se tornou um elo cultural entre a tradição síria e
a comunidade local.
A história de Billal Azizi é semelhante à de Myria. Ele
chegou ao Brasil no ano passado, ao fugir do Afeganistão. Em Belo Horizonte, o
empreendedor começou a vender comida afegã por delivery. “A motivação
primordial por trás da abertura de um novo empreendimento foi não apenas prover
sustento para minha família, mas também preservar minha identidade e construir
uma nova história em terras brasileiras”, compartilha Billal.
A presidente do Conselho de Administração da Abrasel, Rosane
Oliveira, destaca o papel do setor de alimentação fora do lar como um
catalisador de diversidade e inclusão. “Ao abrir as portas para empreendedores
de diversas origens, o setor enriquece sua oferta gastronômica, além de
promover uma cultura de inclusão e aceitação”, afirma Rosane.