Seminário da CNCC discute os desafios e o futuro das negociações coletivas
porPaulo Melo-
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Evento reuniu especialistas para analisar cenários trabalhistas, impactos e estratégias de negociação coletiva nas relações de trabalho
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sediou, nesta quinta-feira (3), o Seminário Panorama Trabalhista e Sindical para 2025, da Comissão de Negociação Coletiva do Comércio (CNCC). O evento, realizado de forma híbrida, teve como principal objetivo fornecer informações atualizadas para aprimorar as negociações coletivas e qualificar a atuação dos negociadores sindicais.
Durante o evento, especialistas e representantes do setor apresentaram análises sobre os cenários e perspectivas das relações trabalhistas sob as óticas sindical e empresarial. Além disso, debateram os impactos das regulamentações recentes nas empresas e discutiram estratégias para solucionar impasses e demandas por meio do fortalecimento da negociação coletiva.
Na abertura do seminário, o diretor Jurídico e Sindical da CNC, Alain MacGregor, ressaltou a relevância da negociação coletiva no setor empresarial brasileiro.
Em sua fala, MacGregor enfatizou que o evento marca uma nova etapa para a CNCC, destacando a presença de importantes figuras do meio jurídico e acadêmico. “Esse é o primeiro evento do ano da nossa CNCC, e o nosso presidente, Ivo Dall’Acqua Jr., conseguiu trazer figuras prestigiosas para debater a negociação coletiva”, afirmou.
O diretor Jurídico da CNC mencionou a participação do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Filho, destacando sua contribuição histórica na busca por soluções para desafios enfrentados pelas representações empresariais.
Ele também ressaltou a força da estrutura sindical do setor de comércio, serviços e turismo, que conta com 34 Federações e 1.070 sindicatos em todo o País. Segundo ele, essa base sólida é essencial para o avanço das negociações coletivas e para a busca de um ambiente mais favorável aos negócios. “O equilíbrio entre Legislativo, Judiciário e classe empresarial é fundamental para construirmos um Brasil melhor.”
O evento contou também com a presença do professor André Teixeira, especialista em negociação coletiva, cuja experiência foi enaltecida por MacGregor, salientando os desafios da negociação direta entre empresas e sindicatos laborais. “Negociar diretamente não é uma tarefa simples, e o senhor faz isso com maestria”, disse.
O Seminário Panorama Trabalhista e Sindical para 2025 reuniu lideranças empresariais, jurídicas e políticas para discutir desafios e perspectivas das relações trabalhistas no Brasil.
Avanços da reforma trabalhista
O ministro do TST Ives Gandra Martins Filho defendeu o papel da negociação coletiva na modernização das relações trabalhistas. Em sua exposição, Ives Filho dividiu sua análise em três aspectos: a visão da ala protecionista do TST, a visão da ala liberal e sua própria percepção sobre a negociação coletiva. “A espinha dorsal da reforma trabalhista foi o prestígio da negociação coletiva”, afirmou o ministro, reforçando que a flexibilização das relações laborais é fundamental para um ambiente de negócios mais dinâmico.
O ministro também ressaltou a necessidade de enxergar as relações de trabalho não como uma luta de classes, mas como um empreendimento comum entre empregadores e empregados. “A legislação rígida, com interpretação igualmente inflexível, não protege o próprio trabalhador”, explicou. Ele defendeu que a aplicação dos princípios da subsidiariedade e da solidariedade pode contribuir para um ambiente de maior harmonia entre as partes.
O presidente da CNCC, Ivo Dall’Acqua Jr., comentou a fala do ministro e ressaltou sua relação com os princípios históricos da CLT e sua conexão com o pensamento social cristão. “Uma fala muito preciosa do ministro ao remeter à CLT e à ‘Rerum Novarum’. Praticamos isso há quase 80 anos. No ano que vem, o Sesc e o Senac completarão 80 anos, fruto desse pensamento que busca harmonizar trabalho, família e bem-estar”, destacou.
O professor da Fundação Dom Cabral e especialista em gestão de negociações coletivas, André Teixeira, trouxe uma análise prática dos desafios e das tendências da negociação coletiva durante sua palestra. Em sua fala, Teixeira salientou que o atual cenário apresenta oportunidade única para fortalecer o diálogo entre empresas e sindicatos.
“Nós estamos vivendo um momento que fortalece, tanto do lado das empresas quanto do lado dos sindicatos, a negociação coletiva”, afirmou o professor. Ele ressaltou que o processo de negociação envolve pressão natural e que, por vezes, a relação entre as partes é encarada como um embate, o que pode prejudicar a construção de acordos benéficos para todos os envolvidos.
Com experiência em negociações no setor privado, Teixeira enfatizou a capacidade de argumentação e a construção de consenso como essenciais para o sucesso das negociações. “A negociação coletiva não deve ser um jogo de ameaças, mas sim um espaço de construção conjunta.”
Importância da aproximação com a base
Durante a palestra Novos Enfrentamentos nas Negociações Coletivas, a advogada especialista da CNC Luciana Diniz falou sobre a importância de aproximar as discussões sindicais da realidade das empresas e dos sindicatos em todo o País.
Diniz destacou que um dos objetivos da CNC é promover um debate mais prático e alinhado às mudanças legislativas e normativas que impactam as negociações coletivas. “O nosso intuito é a aproximação da realidade do dia a dia da nossa base e também promover um diálogo mais direto e produtivo”, esclareceu.
A especialista também reforçou que a realização periódica do seminário, duas vezes ao ano, busca apresentar conteúdos relevantes e atualizados para os participantes. “Sempre tentamos movimentar este seminário para que ele realmente faça a diferença na hora da negociação coletiva”, explicou.
Luciana Diniz enfatizou que a CNC representa um setor extremamente diversificado e que, por isso, é essencial manter um canal aberto com as empresas e sindicatos para entender suas necessidades e desafios. “A nossa missão é aproximar essa conversa e garantir que as trocas de experiências e informações sejam produtivas e eficazes.”
Uniformização das decisões judiciais
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Aloysio Corrêa da Veiga, falou sobre a necessidade de maior estabilidade e coerência nas decisões da Justiça do Trabalho. O magistrado enfatizou a alta litigiosidade no Brasil e os desafios enfrentados pelo Judiciário diante do grande volume de processos.
“Recebemos cerca de 600 mil processos por ano no TST, o que impacta diretamente a morosidade da prestação jurisdicional”, afirmou Corrêa. Ele ressaltou que a previsibilidade das decisões é essencial para garantir segurança jurídica e estimular o desenvolvimento econômico.
O ministro também fez um resgate histórico da questão da lentidão da Justiça, citando exemplos que vão desde a Roma Antiga até as leis pombalinas de Portugal. “A cultura da repetição de ações e a falta de uniformidade nas decisões comprometem a credibilidade do Judiciário”, destacou.
Para Veiga, a Justiça do Trabalho deve buscar maior previsibilidade e diálogo social, garantindo que as decisões sejam coerentes e proporcionem segurança tanto para empregadores quanto para trabalhadores. “O que entrava o crescimento econômico do País não é o Direito do Trabalho, mas sim a falta de infraestrutura para produção e escoamento.”
Assista a íntegra do seminário:
https://youtu.be/yzOejU3HycM
Importância do diálogo
O presidente da CNCC, Ivo Dall’Acqua Jr., encerrou o seminário com uma reflexão sobre os desafios econômicos e a importância da negociação coletiva. Em sua fala, ele destacou que a pressão sobre o setor vem de todos os lados, enquanto a economia do País ainda não cresceu o suficiente para ampliar as soluções disponíveis.
“Temos muito a fazer, mas avançamos significativamente desde 2012, quando iniciamos o aperfeiçoamento dos processos negociais e a multiplicação da informação”, afirmou Dall’Acqua. Ele relembrou as primeiras edições do CNCC e salientou que, à medida que se acumula conhecimento, os desafios se tornam mais complexo
setor Dall’Acqua reforçou que o processo de negociação não tem um ponto final, mas uma construção contínua baseada no diálogo e no entendimento mútuo. “O caminhar é importante. Precisamos ter segurança nesse processo para alcançar os melhores resultados”, pontuou.
Ele também enfatizou a relação histórica entre o Judiciário Trabalhista e as primeiras comissões de conciliação, que antecederam a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Nossa genética é a mesma. Devemos sempre estar juntos, praticando o diálogo e buscando entendimento”, disse. Ivo defendeu que a reforma trabalhista de 2017 intensificou o protagonismo das representações sindicais e valorizou o processo negocial como eixo central das relações de trabalho.
Dall’Acqua reiterou a importância de manter um canal aberto entre os diferentes atores do setor e agradeceu o apoio da CNC na realização do evento.
Com uma programação voltada à atualização e ao aperfeiçoamento dos profissionais da área, o seminário reuniu especialistas, representantes sindicais e empresários.
Importância do diálogo
O presidente da CNCC, Ivo Dall’Acqua Jr., encerrou o seminário com uma reflexão sobre os desafios econômicos e a importância da negociação coletiva. Em sua fala, ele destacou que a pressão sobre o setor vem de todos os lados, enquanto a economia do País ainda não cresceu o suficiente para ampliar as soluções disponíveis.
“Temos muito a fazer, mas avançamos significativamente desde 2012, quando iniciamos o aperfeiçoamento dos processos negociais e a multiplicação da informação”, afirmou Dall’Acqua. Ele relembrou as primeiras edições do CNCC e salientou que, à medida que se acumula conhecimento, os desafios se tornam mais complexos.
Dall’Acqua reforçou que o processo de negociação não tem um ponto final, mas uma construção contínua baseada no diálogo e no entendimento mútuo. “O caminhar é importante. Precisamos ter segurança nesse processo para alcançar os melhores resultados”, pontuou.
Ele também enfatizou a relação histórica entre o Judiciário Trabalhista e as primeiras comissões de conciliação, que antecederam a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Nossa genética é a mesma. Devemos sempre estar juntos, praticando o diálogo e buscando entendimento”, disse. Ivo defendeu que a reforma trabalhista de 2017 intensificou o protagonismo das representações sindicais e valorizou o processo negocial como eixo central das relações de trabalho.
Dall’Acqua reiterou a importância de manter um canal aberto entre os diferentes atores do setor e agradeceu o apoio da CNC na realização do evento.
Com uma programação voltada à atualização e ao aperfeiçoamento dos profissionais da área, o seminário reuniu especialistas, representantes sindicais e empresários.
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